"Ora (direis) ouvir estrelas! certo perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversa com elas? Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas."
(poesias, Via Láctea 1888)
Nenhum comentário:
Postar um comentário